quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Rodovias do país estão intransitáveis


A falta de infraestrutura e a má conservação de estradas e pontes em Mato Grosso estão inviabilizando o transporte de animais nas principais regiões produtoras de proteína vermelha. Os prejuízos atingem pecuaristas, frigoríficos e motoristas que acumulam atrasos nas entregas, perdas com qualidade de carcaça dos animais, danos aos veículos e descumprimento de prazos. 

Produtores têm reclamado à Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) que não houve um reparo nas rodovias e nas pontes antes do período de chuvas e agora existem trechos intrafegáveis. As precipitações se intensificaram a partir de dezembro e desde então as estradas estão se deteriorando e assim impossibilitando a passagem principalmente de carretas. 

O representante da Acrimat na região de Vila Rica (1.300 km à Nordeste da Capital), Eduardo Ribeiro da Silva relata que não há uma política de conservação e reparos nas estradas e com isso as chuvas acabam por atrapalharem o escoamento da produção, seja agrícola ou pecuária. “O problema não é a chuva, mas a falta de infraestrutura. Todos os anos chove neste período e mesmo assim não há um cuidado de prevenção. O que por um lado é bom porque ajuda na formação do pasto, acaba trazendo perdas”, afirma o produtor de uma das principais regiões criadoras de bovinos, com rebanho de aproximadamente 1,1 milhão.

Os prejuízos não são restritos aos pecuaristas. O vice-presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT), Paulo Tadeu Bellincanta explica que a indústria é uma extensão da criação e os danos aos pecuaristas também são refletidos no beneficiamento da carne. Bellincanta conta que as perdas vão desde o peso que reduz devido ao tempo de transporte, qualidade com relação a possíveis machucados e hematomas causados durante o trajeto do animal até mesmo com relação ao cumprimento de prazos de entrega para clientes e custos com horas extras.

Luiz Fernando Conte é pecuarista em Juara, na região do Arinos, e revela que para entregar um lote em Sinop, que fica a 300 km da cidade, estão gastando cerca de 20 horas, sendo que em boas condições este mesmo percurso não gastaria mais do que seis horas de viagem. “A situação é das piores possíveis. Tem locais que os caminhões não conseguem passar e precisam ser rebocados por tratores. Ficam parados à espera de ajuda para passar pelos atoleiros”. 

De acordo com as previsões do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) a possibilidade de chuvas oscila entre 80% e 90% entre os próximos dias, tanto na região da Baixada Cuiabana como nas cidades de Vila Rica e Juara.

Em Alta Floresta (800 km ao Norte do Estado) a situação não é diferente. O representante da Acrimat na região, Celso Bevilaqua, afirma que há muitos problemas por falta de condições das estradas. Ele conta que entre Alta Floresta e Colíder carros pequenos estão levando cinco horas para percorrer, sendo que normalmente são duas horas. “Nunca vimos uma situação como a deste ano. Os produtores estão se unindo para alugar máquinas para amenizar os problemas nas estadas. Não podemos mais esperar iniciativa do poder público, porém continuamos a pagar os impostos”.

O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, afirma que ano após ano os pecuaristas reivindicam a manutenção das rodovias e das pontes para evitar que no período de chuvas haja a formação atoleiros, queda de pontes e quebra de caminhões, mas que os pedidos não são atendidos e os prejuízos ficam na conta de quem produz.

Para o consultor técnico da Acrimat e economista, Amado de Oliveira, está é uma situação nunca crítica e de calamidade pública, uma vez que a economia de algumas cidades tende a ficar estagnada.


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