quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Gestão de qualidade é fator determinante para o sucesso.


Artigo: Por Rodrigo Dias*
Durante todo ano de 2012, a Universidade do Boi e da Carne promoveu quatro rodadas dos Cursos Práticos de Gestão Pecuária em quatro Estados do país (MS, MT, RO e GO), o objetivo foi desenvolver o tema junto aos associados e contemplar todos os tópicos relacionados a gestão pecuária.  A grande motivação que justificou os mais de 11 mil quilômetros percorridos entre a sede da Nelore, em São Paulo, e as demais cidades que receberam os cursos da Universidade foi a expectativa de contribuir para a melhoria da pecuária de corte nacional.

Dentre os assuntos abordados, destaque para a importância da boa gestão no cenário de custos e preços da pecuária brasileira, como interpretar o que o mercado diz e identificar se há validade para a realidade do seu negócio, o que e como medir para se conseguir gerenciar, quais são as ferramentas de gestão disponíveis no mercado, além de outros assuntos importantes para o pecuarista como exemplos de casos de sucesso apresentados durante as etapas realizadas. A troca de experiências entre empresários rurais tornou possível o entendimento de como realizar cada etapa da maneira mais simples possível.

Para participar do sucesso dos anos vindouros da pecuária nacional, o empresário rural/pecuarista terá de compreender que a gestão dos recursos financeiros, zootécnicos e humanos será imprescindível para este processo. Sob um olhar particular, a mudança geral da mentalidade pecuária já é perceptível. Em algumas regiões, esta transição tem sido feita mais “timidamente”, porém a tendência de novas modificações é realidade em todos os estados por onde a Universidade passou. Obviamente, as mudanças são gradativas e, algumas vezes, mais lentas do que o desejado, mas não podemos esquecer que inúmeros fatores influenciam este processo, como, por exemplo, os movimentos de mercado, a valorização e a desvalorização da @ do boi e do bezerro.      
                                                 
O mais interessante de conhecer quatro dos maiores estados produtores de boi do Brasil é perceber que seus sistemas de produção divergem bastante entre si, embora a criação dos animais seja feita predominantemente a pasto.  As métricas, a gestão de risco, o planejamento – quando existe –, o controle do fluxo de caixa, as ferramentas de controle, tudo é realizado de forma diferente nestas regiões. Entretanto, a matéria prima - neste caso, o boi, bezerro ou a novilha - é composta, predominantemente, por animais da raça Nelore.

Enquanto no estado do Mato Grosso as fazendas são grandes extensões de terras – em média as fazendas dos pecuaristas que participaram da Edição de Tangará da Serra/MT do Curso de Gestão Pecuária, tem 20 mil hectares, as propriedades em Rolim de Moura/RO tem 3 mil hectares. Em ambos os estados a gestão estratégica da propriedade é realidade, porém no estado de Mato Grosso a pressão por resultados melhores se dá por conta da agricultura e especialmente na região de Tangará da Serra por conta de cana de açúcar, que tende a remunerar melhor que a pecuária essencialmente extrativista.

A predileção racial pelo Nelore denota o enorme potencial que o país tem para o crescimento de técnicas de reprodução, melhoramento genético e nutrição destes animais. O Nelore é eficiente, produtivo, suporta os desafios de clima em todas as regiões, mas ainda precisa se desenvolver muito em vários aspectos zootécnicos, embora os resultados expressivos da seleção, do manejo, da nutrição e da sanidade, desde a sua introdução no Brasil já sejam notados.

Sem exceção, sabemos que os produtores têm condições de aplicar muitas técnicas de gestão em suas propriedades, melhorando assim seus índices zootécnicos. Porém, a mudança de mentalidade produz  modificações mais duradouras, que permitem um maior aproveitamento das oportunidades que os mercados externo e interno irão oferecer. A busca por qualidade também é determinante para o sucesso da produção. Esta afirmação pode parecer clichê, mas é necessário que o empresário rural/pecuarista seja consumidor do produto que produz. Ele precisa entregar para a indústria um animal com maior ganho por hectare, ou aquele biologicamente mais eficiente, com peso, acabamento e idade desejados, para poder garantir o seu resultado e realmente assumir sua responsabilidade enquanto fornecedor de alimentos. 

Atualmente, temos vários programas que pagam mais por qualidade. Para aqueles que pensam somente em remuneração financeira direta, esta é uma forte razão para que se produza um “boi” melhor. E para aqueles que pensam nos benefícios indiretos do processo, e os quantificam, fica evidente que todos saem ganhando com a melhoria na qualidade do boi.

Como conclusão para a Universidade do Boi e da Carne e para as pessoas participantes dos nossos cursos, é válido ressaltar o potencial de evolução que a produção pecuária brasileira apresenta. Contudo, essa evolução exige um pouco mais de todos os envolvidos neste processo, seja dos empresários rurais, dos colaboradores, das iniciativas privada e pública, ou das associações ligadas à cadeia pecuária. Por isso, nosso trabalho não terá fim: para 2013, a UniBC já está trabalhando para a disseminação dos conceitos de gestão e produção, alinhados com os pilares da produção sustentável – ambiental, social e zootécnico e da integração lavoura X pecuária.

*Rodrigo Dias é zootecnista da Nelore do Brasil, formado pela Unesp de Jaboticabal e gerente da Universidade do Boi e da Carne.


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