quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Fenômenos climáticos contribuíram para alta da inflação em 2012

Os fenômenos climáticos, que levaram a quebras de safra em várias partes do mundo, contribuíram mais para o aumento da inflação em 2012 que a variação cambial ao longo do ano. A avaliação foi feita nesta quinta-feira (27) pelo coordenador de Índices da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, ao divulgar a inflação de 7,82% acumulada pelo IGP-M em 2012. "O câmbio foi um fator secundário", disse o economista. 

Para ele, a alta da inflação neste ano decorreu de fatores inesperados. "Tivemos duas quebras de safra de soja, uma na América do Sul, em especial no Brasil, e outra nos Estados Unidos, que também tiveram problemas na produção de milho", afirmou, lembrando ainda da quebra da safra de trigo na Rússia. 

O problema em termos de inflação, de acordo com ele, é que esses choques de oferta não se restringem apenas aos próprios produtos, mas afetam cadeias produtivas como a da carne, que depende de milho e soja para a fabricação de ração animal.

As quebras de safra em 2012 levaram o preço da soja, por exemplo, a fechar o ano com aumento acumulado de 67,29% no atacado. "E os preços da soja agora estão caindo bem devagar porque, com tantos fatores climáticos desfavoráveis, o produtor está preferindo primeiro esperar para ver se a próxima safra será mesmo boa", salientou.

Quadros citou ainda os preços do arroz e do feijão, que também contribuíram de forma expressiva para o aumento do IGP-M em 2012. No varejo, o arroz subiu 32,98% no ano,o feijão carioquinha, 32,93%,e o feijão preto, 43,17%. "Não houve nada que apontasse para uma melhora ou uma recuperação da demanda", observou. "A questão climática é que está se tornando capaz de alterar o cenário econômico."

Para 2013, no entanto, Quadros acredita num arrefecimento da pressão das commodities agrícolas sobre os índices de inflação. A soja é um exemplo. De acordo com o economista, há uma previsão de aumento de até 20% na produção brasileira. "Tudo indica que, do lado da soja, tudo o que subiu poderá ser devolvido", afirmou, prevendo que o IGP-M poderá fechar o ano que vem com uma taxa abaixo dos 7,82% de 2012. 



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